É inegável a falta que ela faz. Ao menos a mim e aos que verdadeiramente a amavam. Lembro dela como uma linda criança, sim, sim... ela sempre foi mais bonita do que eu. E eu amava ser a feia, a menina de Porto Alegre. E ela a guria do interior que empacotava bolachas gagetas todas as manhãs antes de ir à escola.
Nossa convivência, por acaso do destino foi realizada nas poucas vezes que nos vimos, aquele amor que em nós transluzia era contagiante. Lembro-me do dia em que um menino em uma praça ao nos ver brincar perguntou: São irmãs?
Ai que dó, que dor, que nó na garganta que invade a minha alma quando eu lembro dela, dos seus cabelos e a bem da verdade nós éramos muito parecidas. Ela era toda mocinha, pernas longas, cabelos ondulados, mãos gordinhas, quer vê-la olhe para mim. Ela dizia: Bru como eu te amo sabia mana? E eu não escondia e não escondo de ninguém que não irá existir pessoa no mundo que me faça sentir o que ela fazia quando estava perto de mim. Era uma sensação de que nada mais importava ao mundo, somente as idas e vindas dela. As vindas eram realizadas pela nossa alegria e nosso desejo imenso de aproveitar cada minuto juntos, eu, ela e Willian. E a alegria era abruptamente levada de nós com as idas já esperadas de domingo à noite. A tristeza invadia o pleno amor que existia entre nós.
Certa vez ela veio nos visitar num domingo, amei. Amei tanto que acabamos brigando, por bobagem como qualquer criança briga. O plano para aquele domingo era dormirmos todos juntos num colchão de casal na horizontal, assim caberiam todos os três.
À beira da briga, fui para casa, a deixei sozinha na casa da minha avó materna. Na segunda feira Papai levou-a. Não cabe citar detalhes de uma perda tão dolorida. Lembro-me daquele filme que acompanhou essa madrugada de grande tristeza: O mágico de Oz.
Não pude pedir desculpa e nem dizer o quanto a amava, quanto permaneceria inerte à espera de outra vida para podermos realmente aproveitar um tempo maior juntas. Não pude dizer também o quanto seguiria amando-a.
O tempo passa e sempre lembro dela com amor, carinho e saudade. Mas sei que um dia iremos nos encontrar, estaremos todos bem.
E por favor amem sempre e a todo o instante que amarem ou até mesmo brigarem, antes de sair para espairecer diga ao menos um Eu te Amo, se um “podemos ficar bem” for muito difícil.
Eu amo todos os que estão aqui no meu coração, nomeá-los seria injusto, mas ando conversando com Papai para tentar amar todos os seres humanos, é um exercício difícil, mas um dia eu chego lá.
Fiquem com Papai!
Ele está em toda a parte.